Ser gordo é, definitivamente, muito ruim (principalmente quando você não se aceita, que é o meu caso). Mas ser magro e depois se tornar gordo é pior ainda (que também é o meu caso). Não sei se dá pra comparar com o caso daqueles que nascem cegos e aqueles que depois se tornam. Mas é complicado você experimentar uma coisa, sentir o gostinho da felicidade que é tê-la... e depois perdê-la.
Todas as minhas roupas que cabiam perfeitamente em mim, hoje estão apertadas, as costuras se desfazendo. Não passa da coxa ou não fecha na barriga, isso vale para saias, calças, bermudas e os vestidos mostram um certo volume na frente, que antes não existia (buchinho), do lado fica sobrando coisas que não cabem na saia (pneus). A blusa mostra um braço gordinho e ainda tenho que ouvir que estou musculosa. Celulites e estrias aparecem em locais que eu nem sabia que elas podiam nascer.
Todo mundo nota que estou com uns quilinhos a mais, delicados e solidários com a minha dor falam: "Você engordou né, Jocília?", "Você não está goooorda, só está fortezinha..." E o que a gente fala nessa hora? "Eu não sou forte, continuo com a mesma força, só o meu corpo está mais volumoso". Seria indelicado? Ou é melhor eu dizer "É mesmo quem perguntou? Vai cuidar da sua vida." É claro que eu não falo nenhuma desta coisas, é melhor assumir e concordar, afinal é verdade mesmo, eu engordei, minhas roupas não cabem mais em mim, há uma bochecha embaixo do meu queixo, eu estou 15kg acima do que eu costumava ter.
E o motivo sempre é inexplicável, afinal "eu continuo comendo do jeito que eu comia antes", "acho que são os remédios", "acho que é muito tempo sentada", "acho que é porque não estou fazendo atividades físicas" e a verdade é que eu passei a comer cada dia um pouquinho mais, sem perceber, sem notar, e quando dei por mim já era tarde demais.